quarta-feira, 18 de julho de 2012

Minha mente



Não era fantasia, era real, minha vida nunca foi apenas um sonho que passou na minha cabeça.
 Naquela casa, naquele lugar eu fazia questão de fazer tudo o que eu queria fazer, para poder dizer a todos um dia, que eu não fui sozinho, mas a verdade é que eu não tinha ninguém. Saia da porta da minha casa e podia olhar o pôr-do-sol, mas eu sempre olhava diretamente ao portão na esperança de quem alguém viria. 
 E um dia veio. 
 - Eae garotinho, vim brincar com você. 
 Foi a frase daquele homem, bem trajado, e com o item que eu mais viria a gostar na minha vida, um chapéu de cowboy. A sua frase de cabeceira sempre foi a mesma, quando eu estava triste, sempre dizia a mesma coisa: 
 - As coisas estão ruins... E depois? O acontece depois?
 E ele sempre vinha quando eu mais queria, e quando eu não queria ele respeitava o meu desejo. 
 Mas não era o bastante para uma criança brincar com um amigo imaginário, eu precisava de outras crianças com outros amigos imaginários, e graças a isso eu me envolvi com o esporte, até que inevitávelmente eu tive de parar. 
 Eu conheci nesse meio tempo uma menina, e ele encantou meus olhos com o que eu achava ser o que uma mulher pode ter de mais bonito, uma inocência. Pensei eu que ela precisava de proteção. 
 E enquanto eu continuei parado, eu desejava voltar, aquilo passou a se tornar uma paixão, mas eu não conseguia voltar.
 Passei um tempo esperando que alguém me disesse que eu tinha que voltar, que eu precisava fazer isso, que algumas assuntos ficaram pendentes e eu precisava ir lá resolver, mas ninguém veio. 
 Enquanto eu me mantinha ainda na cama do hospital, olhando incrédulo para a janela, vendo aquele lindo dia, alguém passou pela porta, e veio me segurar pela gola da camisa, e o pior, quase me agredindo disse: 
 - SEU COVARDE, OLHE AGORA! OLHE AGORA NOS MEUS OLHOS!
 E não era necessário mais nada... Eu olhei nos seus olhos e pude ver, eu realmente consegui ver o que ele queria me mostrar, ele tinha uma cara de homem bravo, louco e bêbado, mas seus olhos não eram realmente iguais ao de quaisquer outro ser humano. Ele se vira e vai embora. 
 Eu voltei a praticar esporte, eu estava devendo isso para mim mesmo. 
 E sempre que eu estava em dúvida quanto a fazer ou não algo, deixar ou não passar em branco, ele me dizia:
 - Faça o que tem que fazer, simplesmente isso, alguém sempre está esperando que você faça. 

 Mas eu ainda não me sentia completo, eu ainda não sentia que fazia parte desse mundo, eu precisava de mais alguma coisa... E enquanto eu escrevia, um homem adentrou a minha porta, e em postura reta como um militar parou do meu lado, e me disse:
 - Está faltando personalidade, falta personalidade.
 E então se virou e foi embora. 
 Não que minha vida inteira tenha passado, não que minha mente tenha mandado uma mensagem dizendo ser o fim, apenas... Chegou a hora de acabar com os assuntos não terminados.
 Minha história de vida se resume as loucuras, as coisas boas, eu quero deixar para dizer para as pessoas que eu amo, enquanto escrevo eu leio, e enquanto eu leio, eu mando um sinal de agradecimento a minha imaginação, que nunca faltou. 
 Eu conto histórias, não finais felizes, e essa é a minha história. 

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