sábado, 5 de janeiro de 2013

O velho sábio e suas inacreditáveis histórias III

Kastas, O gênio


 Desta vez quem se propunha a escutar velhas histórias era um tal velho, quase que nem Zenobi, a aparência de Zenobi era incomum, cabe a imaginação de cada dar um destaque. Quem era aquele homem velho? De que lugar ele vinha? Zenobi o encontrará na praia, olhando para o mar, sentado com o rosto no joelho.
 Zenobi coloca sua mão por cima do ombro do velho e senta ao seu lado:
 - É a sua despedida desse lugar não é, meu querido ano-velho? Alguém já tomou o seu lugar.
 E o lugar era lindo como sempre, a areia da praia amarela clarinha, de uma cor que se lembrava ser intocável, e as águas daquele mar misterioso, eram de cor azul celeste e não transparente, era um mar que tinha fim, era uma praia que nunca começava. E olhando para o horizonte, Zenobi começou mais uma história. 

 " Aquele dia em diante, eu e Kastas ficamos sempre juntos, e por incrível que pareça, algo mágico aconteceu, e eu nunca mais resolvi sair de perto dele, porque ele me fazia bem. Kastas me falava de uma coisa muito interessante, me falava sobre a amizade. Mas Kastas não era normal, a amizade que ele criou tinha requisitos e regras, e era difícil ser amigo dele, mas de acordo com ele mesmo, uma das regras da amizade:
 - Amigos não se fazem, amigos se encontram, você é destinado a ser amigo de alguém - Sempre repetia ele.
 Eu particularmente achava lindo, mas só, era difícil vivenciar aquilo."

- Eu achei difícil no começo... 
 " Presenciei aquilo tudo um certo dia, quando junto com outros 2 garotos, fomos nadar em um uma cachoeira, e eu resolvi que subiria lá em cima, mesmo com Kastas dizendo que não era certo, Kastas não sabia nadar, resolveu que ficaria de fora só olhando, e mesmo de fora, sabia que daria risada.
 Pedra por pedra escalei aquela cachoeira, era difícil, e a cada passo sentia um frio na espinha, olhava para o alto e via aquilo interminável, era uma cachoeira em meio a uma floresta grande, mas com trilhas, eu adorava a vista dali de cima.
 Mas o que eu não contava, era com a minha incapacidade de firmar os pés em uma rocha molhada.
 E eu ri, enquanto senti o meu corpo deslizar lá para baixo, eu iria cair na água e provavelmente iria bater a cabeça em uma pedra, talvez eu morresse.
 E vi tudo passar rápido, todas as árvores e até a água chegou rápido.
 Eu cai na água e provavelmente bati sim a cabeça lá me baixo, mas não me vi desacordado antes de ver Kastas, mesmo não sabendo nadar em baixo da água puxando meu braço."
 - Eu sei que ele não sabia nadar. 
 " Acordei na casa de Kastas, era um quarto grande, cheio de video-games e coisas do tipo, ele tinha vários posters de bandas de rock e coisas do tipo, eu estava sobre a sua cama de casal, com a cabeça enfaixada, Kastas havia salvado minha vida e provavelmente me levado até o seu quarto.
 Achei magnifico. "

 - Você sabe o que é um gênio, meu senhor? - Mas ninguém respondeu. - Gênio para mim, é aquele que tem uma ideia em mãos e a executa com uma maestria nunca antes vista. 
 " Levantei-me ainda tonto, sentei na cama e olhei para o criado-mudo de seu quarto, e lá, encontrei algo familiar. O espelho de Mephisto, quebrado.
 Peguei-o na mão, admirei-o, e senti que naquele momento, algo falou comigo, era uma voz dentro da minha cabeça que dizia:
 ' Pague o preço necessário e escolha por salvar a vida de alguém que outrora foi perdido. E veja então, o seu rosto no espelho como contrato feito '
 Cerrei os olhos contra o espelho. Pagar o preço pela vida de alguém? Quem disse aquilo? Eu mesmo?
 Suei frio, olhei para os lados, ninguém.
 Era eu mesmo, olhei novamente para o espelho:
 ' Zenobi, alguém te espera, e o preço foi pago, a tua alma pela dele '
 E então, mais um frio na espinha, vi meu irmão no reflexo do espelho quebrado.
 Olhei fundo, gritei seu nome, e então, senti minhas mãos fraquejarem, olhei-as, estavam necrosando, olhei meus braços, estavam ficando fracos, meu rosto no espelho, nem era mais visto. "
- Eu perderia minha alma para Mephisto. Mas eu tinha alguém comigo, Kastas, o gênio. 
 " Alguém segurou a minha mão. E a mão que ele havia segurado recuperara a cor e a força, um colar foi posto em meu pescoço. 
 - Fé Zenobi! Só a fé de que eu estou com você vai te salvar, eu doo minha alma por você, porque você é meu amigo!
 E então, uma luz se fez no espelho. Algo me dizia novamente que tinhamos vencido Mephisto. Meu amigo doou metade da tua alma, e eu metade da minha, meu irmão foi visto no reflexo.
 Eu não via nenhuma alteração no meu corpo, e nem Kastas no dele.
 Sobrevivemos. Kastas era um gênio por ter falado de amizade, por ser amigo.
 Nos abraçamos e eu chorei durante alguns minutos. "

 - E foi então que eu conheci o gênio e a sua ideia, amizade. Mestre das amizades, o amigo, o gênio. - E então Zenobi observava o homem velho ir embora, andando em direção ao mar, talvez ele tivesse alguém para ver. Zenobi sorriu, e segurou com mais força o colar em seu pescoço. 

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...
Amizade.  

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