segunda-feira, 30 de abril de 2012

O desespero dos sonhos



O quadro... retrata uma imagem, algo de importância ou uma paisagem linda, alguns quadros são simplesmente loucos, tendo apenas um ponto no meio, outros tem cores e cores para todos os lados, formando uma pintura, psicodélica. Mas, o quadro que eu vi, esse ai, nunca tem apenas uma imagem. 
 A mesa, redonda, com cadeiras muito pouco acolchoadas, de ferro, a mesa com 4 pernas e um vidro circular no meio, coberta por um pano branco, pequena.

 O cachorro, sentado, pelos amarelos, sorrindo com a lingua para fora, grande, e apenas observa um ponto fixo, geralmente eu. 
 A prateleira reflete, vários calices, copos e jarras guardadas, de cor azul e branca a direita da mesa, o cachorro abaixo dela.
 A janela, também grande, com uma cortina branca que deixa-se ver apenas pouco do outro lado da imagem. Isso tudo acontece quando estou acompanhado ou de dia. 
 A noite...
 Flashes, pessoas sussurram, vozes, eu já nem estou mais sozinho, alguém me acompanha e manda eu olhar para o quadro, ontem, eu via o cachorro de pé na ponta do quadro, com raiva em seus olhos, na mesa, sentavam-se duas pessoas felizes, que na verdade, eram observadas por um garoto que ficava atrás da janela, lá fora era noite. Eu olhava para os cantos e ninguém via, só tinha eu ali. 
 Loucura acreditar, era um sentimento desconfortável, sensação de desesperança, desgraça, desilusão, fome, medo, sufocamento, e a cada passo que eu dava recuando para fora do lugar, o quadro mudava, e a criança de fora da janela, nem sequer estava mais lá, a familia corria assustada, eu apertava minhas unhas contra a palma das minhas mãos, estava nervoso, ofegante, o cachorro estava agora deitado, inerte, e na sua frente, um garoto com as mãos ensanguentadas... Fechei os olhos para negar a minha imaginação, mas tinha certeza de que quando eu abrisse meus olhos, ele estaria na minha frente, fugi com pensamentos bons que naquele momento não vieram... E em algum momento bati meu pé na ponta da mesa, com um pequeno grito eu abri meus olhos, e nada vi senão a minha TV na minha frente.
 Foi então que me veio a sensação de alivio. 
 Aparentemente, tudo em volta de mim tinha uma certa luz fraca que rodeava, arregalei meus olhos, era uma sensação no minimo estranha, mas algo me lembrava aquilo. Meu corpo continuou a andar mesmo sem que eu quisesse, e aparentemente meus olhos estavão em outro lugar como que se eu assistisse a cena, foi então que meu corpo passou, mas meus olhos puderam notar pelo reflexo da TV um garoto que parecia mais um animal invertebrado se esgueirando pelos cantos obscuros. A sensação desesperadora voltou a me tomar, mas, dessa vez eu não tinha controle da situação. 
 Foi então que tudo se apagou e eu senti meus olhos se abrirem. 
 Era apenas um sonho, o dia continua como todos os outros, a vida segue... É, era apenas um sono. 
 Levantei-me e olhei para o quadro, e estava como sempre... Normal. 

2 comentários:

  1. Muchacho...poucas vezes, e para poucas pessoas...uso certas palavras!
    Meu vocabulário é minha maior arma, e ele...nesse momento tem dificuldade de expressar-se...
    Brilhante... este texto ficou faraônico!
    Eu adorei a colocação dos fatos e confesso..senti um arrepio!!
    Chego a olhar para trás!!

    Parabéns meu amigo..melhora a cada post!!

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  2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Mas que cassete esse quadro hein? rsrsrs, aquele vermelho era pior....beeeem pior. Mas ficou bruto, deu medo imaginar o garoto....Superação! merecimento!

    Abraços

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