Raramente se encontra alguém por aí que tenha uma alma, muitas pessoas que vemos nas ruas são ocas, a ciência vos prova a vida e eles aceitam, a religião vos provam a fé e eles enxergam. Um garoto perde os pais em um acidente de carro, e por si só, sente a vida na pele, sente os temores das ruindades das ferradas da sociedade nas suas costas, garoto esse que era rico ou pobre não importa, larga tudo o que tinha, ou nada, e resolve que vai ser religioso.
A religião na igreja lhe desaponta, porque esse menino desejava falar com Deus e nunca antes na sua vida ele conseguiu. Dizia ele que ouvia uma voz interior mas não tinha mentalidade acima da sua, e não lhe falava de bondade acima da sua.
Já passado alguns anos então ele larga a religião e vira um cientista que amargava sua genialidade no anonimato. Provou ele a vida e explicava a morte. Mas nada ele dizia sobre a vida antes ou depois, nada falava ele sobre a evolução espiritual, nada dizia aquele cientista sobre a sua alma.
Desistindo de tudo, ouve falar sobre pessoas que buscam a paz interior. E por mais alguns anos se junta a aquelas pessoas, afasta-se e por sobre uma montanha vive mais um tempo.
Agora adulto, o eremita passa a visitar todos os dias cada vez mais o interior daquela rochosa montanha, ele não conhecia nada sobre ela, apenas era uma enorme caverna, cuja entrada atraia para um enorme passeio, de longas portas e de um teto inavistável, mas ao andar por dentro da montanha, nota-se que ela aparentemente vai ficando mais feia e pequena, e animais e espinhos parecem sair da parede, afim de pegar o eremita um dia.
E a cada brisa forte que passava retirava uma folha da árvore da vida daquele homem, e ele sabia disso, ele sabia que a sua árvore estava ficando sem folhas.
O eremita nos seus últimos dias se despede dos velhos amigos, e diz que realmente acredita ter encontrado a paz. E por fim, adentra a montanha. E a cada passo que dava em direção ao centro diminuía o seu espaço para andar, e o caminho tortuoso começava a vir, mas o velho não desistiu, iria descobrir o que existia no centro da caverna. Os espinhos lhe rasgavam a pele, os insetos lhe picavam e envenenavam, assim como pedras lhe caiam sobre a cabeça, machucavam e deixavam a sua vista embaçada. E a cada passo, o caminho mostrava-se mais tortuoso.
Ainda quando sentia que estava para perder os sentidos, ele termina por perceber que o caminho da montanha não tinha um fim, mas apenas uma brecha que dava visão ao que existia no centro da caverna, o eremita estica o pescoço raspando por dentro duas pedras e apenas põe-se a olhar por esta brecha afim de ver o que havia procurado por toda a sua vida.
Por dentro da brecha ele pode ver, ao outro lado um lugar inacessível, jamais seu corpo iria passar por ali, mas haviam algumas pessoas conversando em volta de uma mesa, e todas elas conversavam enquanto sorriam, um homem apontava para o alto e falava de justiça e de alma, outro falava do poder da mente que não era quase nada conhecido, e outras pessoas que ele julgava serem importantes, mas as duas pessoas que mais lhe chamaram a atenção foram duas; Ele mesmo que conversava gesticulando e com alegria enquanto conversava com um ser iluminado, tão iluminado que cegou seus olhos com tanta intensidade que por fim, o eremita veio a não resistir mais, a dor era intensa e a caverna lhe proibia a vida dando desafios paulatinamente difíceis.
E antes que pudesse falecer o próprio eremita disse a si mesmo, na verdade em uma tentativa de dizer a todos - mas ninguém o podia ouvir de dentro da caverna - as suas ultimas palavras:
- Ele existe! Ele existe, e ele está dentro de cada um de nós! O caminho é tortuoso, o caminho é quase inacessível, mas ele está lá, onde é complicado chegar, mas é possível, a minha fé, a minha esperança, elas voltadas a um homem, a várias ideias, e elas estavam certas, porque a luz está dentro de nós, a luz está dentro das nossas almas, nós somos a luz, nós temos as nossas respostas e nós, somos cada um parte de um Deus.
E nesse dia em um lugar diferente desse, morre um homem simples, que nunca foi brilhante na vida, que nunca trabalhou ou teve religião, que nunca em sua vida saiu da grande cidade para visitar montanhas, mas ele procurou as suas verdades dentro de si. E as encontrou, esse homem tinha uma alma, e nessa alma tinha luz, ele era a luz.










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