terça-feira, 28 de agosto de 2012

Nossa verdadeira provação

 

Raramente se encontra alguém por aí que tenha uma alma, muitas pessoas que vemos nas ruas são ocas, a ciência vos prova a vida e eles aceitam, a religião vos provam a fé e eles enxergam. Um garoto perde os pais em um acidente de carro, e por si só, sente a vida na pele, sente os temores das ruindades das ferradas da sociedade nas suas costas, garoto esse que era rico ou pobre não importa, larga tudo o que tinha, ou nada, e resolve que vai ser religioso. 
 A religião na igreja lhe desaponta, porque esse menino desejava falar com Deus e nunca antes na sua vida ele conseguiu. Dizia ele que ouvia uma voz interior mas não tinha mentalidade acima da sua, e não lhe falava de bondade acima da sua. 
 Já passado alguns anos então ele larga a religião e vira um cientista que amargava sua genialidade no anonimato. Provou ele a vida e explicava a morte. Mas nada ele dizia sobre a vida antes ou depois, nada falava ele sobre a evolução espiritual, nada dizia aquele cientista sobre a sua alma. 
 Desistindo de tudo, ouve falar sobre pessoas que buscam a paz interior. E por mais alguns anos se junta a aquelas pessoas, afasta-se e por sobre uma montanha vive mais um tempo. 
 Agora adulto, o eremita passa a visitar todos os dias cada vez mais o interior daquela rochosa montanha, ele não conhecia nada sobre ela, apenas era uma enorme caverna, cuja entrada atraia para um enorme passeio, de longas portas e de um teto inavistável, mas ao andar por dentro da montanha, nota-se que ela aparentemente vai ficando mais feia e pequena, e animais e espinhos parecem sair da parede, afim de pegar o eremita um dia. 
 E a cada brisa forte que passava retirava uma folha da árvore da vida daquele homem, e ele sabia disso, ele sabia que a sua árvore estava ficando sem folhas. 
 O eremita nos seus últimos dias se despede dos velhos amigos, e diz que realmente acredita ter encontrado a paz. E por fim, adentra a montanha. E a cada passo que dava em direção ao centro diminuía o seu espaço para andar, e o caminho tortuoso começava a vir, mas o velho não desistiu, iria descobrir o que existia no centro da caverna. Os espinhos lhe rasgavam a pele, os insetos lhe picavam e envenenavam, assim como pedras lhe caiam sobre a cabeça, machucavam e deixavam a sua vista embaçada. E a cada passo, o caminho mostrava-se mais tortuoso. 
 Ainda quando sentia que estava para perder os sentidos, ele termina por perceber que o caminho da montanha não tinha um fim, mas apenas uma brecha que dava visão ao que existia no centro da caverna, o eremita estica o pescoço raspando por dentro duas pedras e apenas põe-se a olhar por esta brecha afim de ver o que havia procurado por toda a sua vida. 
 Por dentro da brecha ele pode ver, ao outro lado um lugar inacessível, jamais seu corpo iria passar por ali, mas haviam algumas pessoas conversando em volta de uma mesa, e todas elas conversavam enquanto sorriam, um homem apontava para o alto e falava de justiça e de alma, outro falava do poder da mente que não era quase nada conhecido, e outras pessoas que ele julgava serem importantes, mas as duas pessoas que mais lhe chamaram a atenção foram duas; Ele mesmo que conversava gesticulando e com alegria enquanto conversava com um ser iluminado, tão iluminado que cegou seus olhos com tanta intensidade que por fim, o eremita veio a não resistir mais, a dor era intensa e a caverna lhe proibia a vida dando desafios paulatinamente difíceis.
 E antes que pudesse falecer o próprio eremita disse a si mesmo, na verdade em uma tentativa de dizer a todos - mas ninguém o podia ouvir de dentro da caverna - as suas ultimas palavras: 
 - Ele existe! Ele existe, e ele está dentro de cada um de nós! O caminho é tortuoso, o caminho é quase inacessível, mas ele está lá, onde é complicado chegar, mas é possível, a minha fé, a minha esperança, elas voltadas a um homem, a várias ideias, e elas estavam certas, porque a luz está dentro de nós, a luz está dentro das nossas almas, nós somos a luz, nós temos as nossas respostas e nós, somos cada um parte de um Deus. 
 E nesse dia em um lugar diferente desse, morre um homem simples, que nunca foi brilhante na vida, que nunca trabalhou ou teve religião, que nunca em sua vida saiu da grande cidade para visitar montanhas, mas ele procurou as suas verdades dentro de si. E as encontrou, esse homem tinha uma alma, e nessa alma tinha luz, ele era a luz. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O lugar para onde eu vou

 

Colocaram um capuz sobre a minha cabeça
 Eles querem me prevenir de pensar 
 Querem eles evitar de me deixar ser algo 
 Dizem que querem me preservar para que eu não me torne um monstro. 

 E eu não quero saber de capuz por cima da minha cabeça 
 Sou eu, será que não veem mais isso? 
 Não precisam me deixar jogado dentro de uma dama-de-ferro 
 Mas me dizem que eu sou um caso especial, e que eu preciso permanecer assim.

 Mas quando eu retiro o pó por cima dos ombros eu sou apontado pela rua 
 Eu sou rejeitado pelos meus irmãos 
 E meus amigos, estapeiam a minha cara
 Eu não sou um monstro, eu não sou igual aos monstros.

 Minha mente me culpa, dizendo que eu perdi a sensibilidade 
 Meu cérebro me joga de lado, falando que eu vou me tornar um carrasco 
 Não quero me tornar um bebê que precisa ser cuidado 
 Nesse lugar, eu mais que ninguém sei quais são os caminhos... 

 Alguns dizem ter milhões de anos, mas não entenderam a voz humana
 Muitos deles dizem ser bons e acreditar em Deus, mas não estendem a mão
 E nem sacrificam os seus corpos 
 São esses que me estapeiam a cara e dizem que são os mesmos. 

 Aonde eu pratico a bondade, me chamam de capitão 
 Ali, que eu deixo minha alma me chamam de gênio e de guerreiro 
 Quando eu olho seus rostos, eles sorriem, mas não sei até quando 
 No final é tudo verdade, eu vou ser preso, novamente naquela velha cela onde os monstros ficam. 
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 É por isso que eu uso o chapéu de cowboy, ou que eu desejo usar, para proteger minha mente das coisas ruins... 
 De que adianta falar de felicidades? De que adianta dizer que vai dar tudo certo? Na primeira oportunidade eu sou o primeiro a ser apontado como erro.
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Se quiser pode ir lá correndo e fazer a minha caveira para ele, faça o que quiser. Destrói mais a mim do que a minha imagem. Feliz? 

domingo, 26 de agosto de 2012

A nova velha verdade de cada um

 

Ando de lá pra cá para trazer aos homens comuns a nossa verdade. A verdade que é lindo aos olhos de quem é natural, mas terrivelmente macabra para quem ando torto pelas ruas da grande cidade. 
 Nesse momento o que eu mais queria era notar alguém levantando a mão e em meio a esse público inteiro, pedir para sentir a dor dos pensamentos. 
 E no final da história, quando adentrarem esse portal dimensional e notarem que a esse mundo não mais pertencem vai ser tarde demais, vai ser doloroso demais. 
 O nosso sorriso vem para fazer arder os olhos com uma frieza que os olhos não aguentam observar, e a nossa expressão aqui é sempre a mesma, surpreso por isso? 
 Mas mesmo tendo anos nessa profissão vim a conhecer um velho garotinho que faria das suas alegrias a sua maior mentira, e ele sorria, sorria tanto que me deixou de lado sem graça. 
 Era ele largado e bem arrumado, tinha ele dois olhos e aparentava ter mais de mil bocas, fazia parte dele duas mãos que nunca paravam de gesticular e uma só mente, que produzia terrores sem parar. 
 Acenei para o homem, afim de que viesse o garotinho a minha presença, mas nada disso, surgiu a mim um senhor que mal olhava nos meus olhos, e falava de cabeça baixa, eu lhe perguntava sobre o mundo, sobre os terrores, sobre as verdades e sobre opiniões. E ele arrebatava tudo sem nenhum temor. Me deixava jogado, e deixava as idéias alienadas.
 Em momento nenhum aquele velho garoto nos olhava nos olhos, sempre voava pelos céus a aparentemente pegava de lá suas maravilhosas idéias, a mentira dele nos transmutava de lado, de verdadeiros nos primeiramente perdíamos o rumo e depois percebíamos que estávamos mentindo. 
 E meus parceiros começavam a se perder, e nem mesmo a verdade das nossas histórias bastava, e nem mesmo a nossa criatividade servia de convencimento. Mas eu ainda batia o pé e me dizia ser o melhor que existia, e com a sinceridade eu iria convencer o homem. 
 Portanto fizemos um duelo e quando eu jogava uma afirmação, recebia uma pergunta, e quando eu jogava a resposta da pergunta ele jogava uma afirmação sobre, e eu nem me lembro mais do que estávamos falando quando eu percebi que na verdade havia mentido várias vezes na ânsia de querer vencer essa disputa. 
 O velho retira seu óculos, aponta o meu peito e quando levanta a cabeça olha diretamente nos meus olhos. Qualquer homem de verdade se assustaria com o fato de perceber que aquele garoto parecia tão atemporal que na verdade nem olhos ele tinha, e a sua boca nem sequer movia, mas dizia o homem:
 - O que é a verdade senão a realidade de cada um? O que seria de nós se a minha verdade fosse também a sua? Seria um mundo de homens iguais ou diferentes? Haveria aqui um mundo? 
 E foi isso, isso que me fez mudar novamente os mundos, mudar novamente os ares, sorrir por outros motivos, mas convencer as pessoas da minha verdade passou a não ser mais um passatempo... Passou a ser... Complicado...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quem tem medo de mim?



 Quando o tempo não passava, passava a vontade de viver, vinha a angustia e o sofrer, vinham as dúvidas que traziam consigo a risada, mas acima disso tudo, a vontade de mandar tudo isso para o espaço. 
 No caminhar havia pressa, passos rápidos um após outro sem sequer olhar para trás, passeava dentro de si buscando desenferrujar o velho que lhe dava o motivo da vida, mas o velho não vinha. 
 Foi então que sonhou alto demais, foi então que pediu para todos que o podiam ajudar, ele só queria mesmo era saber que existia, saber que dali vinham as verdades mais temidas. 
 E na sua cabeça soava uma canção:
 " Venha meu irmão, vamos dançar....
 Venha conosco o sino da igreja tocar... 

 Saiba que aqui, não existe essa de dor... 
 Mas aqui também, esqueceras o seu amor..."
 Mas ele amava, e amava profundamente, era alguém racional que não podia ser enganado pelo coração. O coração que pulsa sangue estava intacto, mas o âmago estava derrotado, ele queria e encontrou a tristeza novamente, será que se perdeu mais uma vez? 
 Ele achava que Deus tinha era medo dele, ele achava que o Diabo tinha era medo dele... 
 Ergue-se do chão uma enorme cruz, ergue-se do chão a verdade e a mentira, a um lado a luz, do outro a escuridão, de um lado cabeças e de outro abraços, sente-se a indignação do momento, e a felicidade de estar lá. 
 Foi engando em suma nas primeiras palavras que lhe cavaram a cova abaixo dos pés, sorriu, engoliu a seco e deu um passo a frente, se era o seu destino iria ser enterrado vivo. 
 E salvo por palavras lindas, que lhe puxavam pelo braço a esperança acima, a lágrimas escorre os olhos, é a verdade que lhe busca, e o sorriso que lhe afaga. 
 Nos braços frios notou que não era aquilo que queria, e olhando para as pessoas que lhe cercavam sentiu o perigo, a monstruosidade se transformava na sua frente enganando até os seus sentidos. 
 E por fim, a redenção final da alma, a sensação de libertação pelo ciclo da arrebentação das mentiras, quando se desgruda do velho casulo, abre-se o tecido da pele, e de lá de dentro, a pureza sai, branca e maravilhosa voando pelos céus. 
 E o menino pergunta a Deus: 
 - De que lugar vens, que não existe alma humana para te olhar. Aonde nasceu, que a verdade nos trouxe? E a mim, o sofrimento e a solidão me chegam tanto que não mereço um olhar de cima? 
 E o menino ao Diabo pergunta: 
 - O que foi que fiz para que gostasse tanto dos meus caminhos? O que foi que fez para que chegasse até o ponto onde chegou, é derrubar-nos o seu prazer, vernos no chão a imagem e semelhança do que foi? 
 E sem respostas, acorda o garoto, e segue novamente o caminhar apressado. 
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 Isso é somente meu, e ninguém tem culpa. 
 Que queres de mim além das respostas? 
 Que queres de mim além das graças? 
 Se és tão completo eu que te completo a que lado? 
 Isso é somente meu, e ninguém tem culpa. 
 A culpa minha vem de mim, e eu já aguentei a minha dor. 
 A dor do mundo vai vir a ser culpa minha se eu me colocar sobre essa responsabilidade e ninguém irá dizer que não há. 
 Isso vai ser somente meu, e ninguém a não ser eu será culpado e condenado no tribunal. 
 É meu o pecado, é minha a apelação, vem da minha alma. 
 Isso tudo é somente meu, e ninguém tem culpa.
 Isso tudo é somente meu, e não deixarei ninguém ser culpado pelo meu egoismo inútil. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cada passo é uma realidade



 Verdade, é aquilo que condiz com a realidade... 
 Eu venho dizer e fazer a realidade se tornar o meu querer 
 Pois o meu sol vai nascer aonde eu quiser
 Afinal, a vida é minha, e só é real, aquilo que eu quiser que seja
 Ainda ontem, ou foi alguns desses dias eu me lembro de dizer para um velho amigo que a esperança existe
 E eu sei o que é esperança, a esperança condiz com a minha realidade, logo, ela é verdadeira
 Eu ainda posso me achar um herói, as vezes eu me acho até vilão
 Dependendo do dia, eu me visto de branco ou de preto, eu coloco um sorriso no rosto ou fecho a cara 
 Mas não me importa para quem eu sou herói ou vilão, eu não me importo com o que farão da minha imagem enquanto eu estiver de costas 
 O importante é que eu seja o herói para a pessoa certa. 

 Não me importa ser um gênio, não me importa ficar no anonimato
 Apesar de ser egoísta e egocêntrico eu sou ser humano e tenho uma alma 
 E eu tenho algo a preservar, não minha imagem, não o meu corpo, mas a minha personalidade 
 Hoje, ainda sou um mascarado, hoje eu ainda uso um chapéu para esconder o que existe dentro da minha mente 
 Mas as pessoas mudam 
 E tem horas em que um homem precisa fazer alguma coisa, tem horas em que eu preciso ter algo chamado responsabilidade, nessas horas eu preciso ter toda a culpa jogada nos meus ombros e por mais pesado que pareça, eu vou saber lidar com isso, a responsabilidade é minha e eu assumo.  
 Responsabilidade é o que tenho me esquecido, afinal, as vezes parece que eu não me importo com as coisas... 
 Mas é quando as coisas parecem estar perdidas e sem importância, que vai prevalecer a fé, a crença e a esperança... 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Destino final


A luz hoje, está conosco
 Não mais tenhamos medo da escuridão 
 Esqueceremos os nossos pesadelos e pensemos juntos em um fim feliz 
 Se eu te der a mão esta tarde, e olharmos juntos o pôr-do-sol, veremos o quão lindo, pode ser o dia 
 E se hoje, dermos a mão e fecharmos os olhos, veremos que a luz não está lá, mas está dentro de nós. 

 A felicidade existe, e ela está mais próxima do que imaginamos 
 Por enquanto é difícil enxergar, por enquanto não está fácil
 Mas se observarmos com atenção, são as coisas mais simples que nos enchem os olhos de lágrimas... 
 Se observarmos com atenção, a felicidade está introduzida em um ato louco, em uma palavra fora de hora que no fim forma um texto 
 A felicidade vem do pouco para o infinito, vem do minusculo para agigantarmo-nos. 

 Um abraço e um aperto de mão são os nossos maiores remédios 
 Nesse mundo capitalista, onde não temos a opção de largar tudo e correr para a praia 
 É bem aqui, onde eu não posso abdicar da minha fome para dar a alguém um prato de comida 
 Neste lugar que eu tenho problemas do que vale ou não a pena 
 É aqui que existe um amigo, que se importa mais com você do que com ele 
 Eu sei, que para as doenças da solidão, o melhor remédio é a companhia. 

 Mas ainda assim as vezes a vontade nos falta 
 As vezes, não vale mais a pena 
 As vezes, não temos para onde ou para quem correr 
 Sim, as vezes os meus amigos caem perante a minha doença 
 E as vezes, eu nem sei?

 É algo que eu não sei explicar 
 Uma vontade que vem e leva tudo embora, que deixa um aperto lá no fundo
 O vazio 
 São algumas palavras que não vem, outras que vem e me machucam 
 E eu não sei dizer para onde eu quero ir, mas eu não quero ficar aqui 
 Nesse mundo eu sei o que falta 
 Eu sei qual é a solução de todos 
 Sei também o que se passa na cabeça de cada um que vive aqui comigo nesse mundo 
 E é daí que vem a minha dor
 Eu sei tudo sobre quem vive perto de mim, mas ninguém consegue saber as minhas verdades 
 "Não tem ninguém que me derruba no soco." - É isso o que um campeão diria. 

 Mas a vida não é só uma disputa, a vida não é só subir no ringue... 
 Amigo, existem palavras que eu quero te dizer, e não ficam só no quase, elas simplesmente não existem
 Existem coisas que eu queria fazer com você, existem sonhos que eu dividiria 
 Mas não dá para sonhar em conjunto 
 Quando eu peço para deixar ele entrar, é o homem que te faz sonhar, é o homem que te faz crer... É aquele que vai te mostrar com um simples pó, que dá para melhorar... 
 É amigo, eu sei que as coisas estão ruins agora, eu sei que as coisas na verdade nunca foram fáceis 
 Mas é aí que você vai se erguer, é sem saber como lutar, que encaramos o inimigo com mais ferocidade... 
 É na tristeza que encontramos a felicidade... Como se fossemos um povo no lixo que ergue um sorriso... 
 E já deve estar se cansando de ler e ouvir isso não é? Você quer mesmo é resultados... 
 Amigo, fique perto de mim, fique próximo, e enquanto tiver perto de mim, eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você, isso eu posso te mostrar. 

 Mesmo que as vezes você sinta falta
 Mesmo que as vezes eu lhe falte com a verdade
 Mas amigo, eu estou aqui, de braços abertos, pronto a te receber a qualquer hora 
 Não se sinta só nesse mundão aí amigão, você tem a mim!
 E eu não vou deixar você ir embora. 

 Eu lhe seguro pela mão
 Eu lhe pucho pelo braço 
 Se precisar, dou-te até um tapa na cara
 Mas embora? Você não vai não... 
 O seu destino final, é ficar aqui, perto de mim. 


sábado, 11 de agosto de 2012

Algo no céu



 É um tanto quanto importante pensar nisso... 
 É um trabalho que eu tenho vontade de me doar... 
 E eu vou me preparando, para o caso da decepção... 
 Mas também já vou pedindo perdão, se eu precisar de admissão... 

 O problema de pensar na existência, é que se existir e eu não acreditar, eu vou ficar para trás... E o problema de não acreditar na existência é que se não existir e eu acreditar... Aonde para a minha crença quando for dado o ponto final? 
 A realidade é que não sabemos quando vamos ser pegos de surpresa, não sabemos se é como as pessoas falam ou se realmente existe o lado contrário, nós só temos que seguir um script ou não? 
 Eu tentei ficar um bom tempo sem acreditar para ver o que acontecia, e notei que não via diferença nenhuma, pois é impossível desacreditar por completo na minha opinião. 

 Medo mesmo é de estar andando pelo beco escuro e notar que algo te segue, notar que alguém te espreita nas sombras, e que vai aparecer da forma mais temível e inimaginavelmente grotesca possível para te levar para o fundo do inferno. 
 Faz doer fundo no coração acreditar que é alguém que pode judiar dos seus amores, que pode fazer pessoas abençoadas pedirem e implorarem a morte de tamanha maldade... 
 Ainda assim, eu bateria um papo ligeiro com ele, minando a vida dele enquanto encaro-o nos olhos, segurando firme minhas mãos para trás para que não mostrasse meu temor e minhas pernas bambeando... 

 E se no fim de tudo, colidirem-se as idéias? Vamos causar nós mesmos o apocalipse, e se no fim de tudo realmente houver guerra, eu terei de ficar no meio sem querer participar, ou eu tenho que escolher um lado e morrer por alguém? 
 Mas vejamos, se existe e nos olha de cima... Por que não nos dá um olá? Por que não nos mostra? Simplesmente temos de acreditar... Que tipo de crença é essa que não nos dá um motivo de luta? Vejam só, bem e mal é ponto de vista... 

 E então eu olhei para os céus... E vejam todos os olhos humanos, quando as coisas estão ruins, são os céus que nos chamam, vejam todos, que quando estamos doentes e ou sem fé, é para o céu que nós olhamos... O céu, que na verdade significa o infinito, pode ser Deus nos cumprimentando... 
 Os céus... Uma velha senhora, cega, doente, sem fé, sem esperança, sem vontade de viver e pedindo a morte, para sobre a sensação de calor imensa, sabendo que ali provavelmente está o sol, ela inconscientemente olha para os céus, e depois de olhar para a frente na esperança de enxergar novamente olha para o céu... 
 Como se pedisse algo... A morte? Deus? Ajuda? Por que para o céu? 
 Eu acredito, porque quando as coisas ficam ruins, é para o céu que olhamos e é para o céu que sempre iremos olhar. Se Deus existe, ele está lá... E eu acredito que ele existe. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Entre Sandman - Meus sonhos - Parte III

 

Faltou entrar na minha vida Sandman
 Eu que tanto sonho, tanto vibro com coisas boas 
 Faltou uma mãozinha ou o pó do sono 
 Para que eu consiga dormir com peso na consciência, como se isso não fosse nada. 

 Será que você também é doutor Sandman? 
 Será que você cura o pecado das pessoas nos seus sonhos? 
 A terra dos sonhos é a terra que nunca vamos alcançar 
 A terra dos sonhos é um lugar onde nós só ouvimos falar. 

 Eu queria hoje mesmo poder dormir Sandman 
 Eu queria hoje e agora, esquecer que eu mudei 
 Nesse instante eu queria um abraço amigo 
 E dizer que eu sempre fui errado, mas sempre fui perdoado. 

 Você consegue retirar as minhas memórias Sandman? 
 E me fazer esquecer ou imaginar que aquilo não passou de um sonho? 
 Para muitos você não é ninguém 
 Mas você, sonho, você se importa com alguém? 

 Por mais alguns instantes Sandman, eu queria me lembrar que existe o amanhã 
 E lembrar que eu não sou o único aqui
 Lembrar também de que as dores de quem não dorme
 Não são piores do que as dores de quem fica dormindo. 

 Mas porque eu mudei Sandman? 
 Foi por que eu sonhei demais? 
 Ou foi quando eu esqueci que sabia dormir e deixei tudo para trás? 
 Essa eu sei responder Sandman, eu mudei por sonhar acordado, por ser meio desleixado. 

 E agora eu não quero perder o que ganhei Sandman 
 Eu ganhei amigos, eu ganhei objetos 
 Eu sei o que é amar Sandman 
 Mas me cure dessa doença, eu esqueci qual é o caminho para a terra dos sonhos... 

 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Entre Sandman - O Justo - Parte II


 E eu andava pelo mundo apenas pensando em nunca parar, eu andava pelas esquinas mentalizando o próximo passo sem sequer parar para descansar. Imaginava que as pessoas não conseguiam simplesmente olhar para mim e me ver como uma pessoa normal, uma pessoa que poderia ser como todas as outras fora o fato de que eu nunca consegui parar de pensar, e se eu parasse, eu seria traído pela minha própria mente. 
 Busquei incansavelmente um lugar onde nenhum ser humano poderia achar, andei pelas esquinas mais obscuras possíveis e apenas via rostos dos meus antepassados e dos que eu mais respeitava me olhando dos cantos, mas eu nem sequer poderia parar para observar a obra do destino em querer arruinar mais um pouco a minha cabeça, já estava tudo embaraçado lá. 
 E foi um dia que eu parei para descansar, parei diante um campo, olhando para o nada, apenas eu e as estrelas e imaginei os meus piores medos todos ali, não que eu quisesse vence-los, mas apenas entende-los. Eles vinham quando a ausência de pensamentos que sublimam iam embora, eram os meus medos, tem algo mais fascinante do que encontrar os seus medos sem ter para onde fugir? 
 E com a cabeça deitada em uma pedra, esperei apenas acontecer, esperei que algo me mostrasse o que tinha de tão errado comigo. 
 Fechei os olhos e mais nada, talvez por alguns instantes eu tenha me esquecido de respirar. 
 Abri então, sem que sequer pudesse sentir a brisa bater sobre o rosto e ouvir o som da natureza, o silêncio me torturava. 
 Um homem me olhava, seus cabelos se mesclavam com a escuridão do lugar, sua pele branca dava um detalhe e mostrava que talvez dentro da terra, aquele homem era a lua, que ainda que não tenha luz própria, é admirável como ele, suas vestimentas pretas pareciam fazê-lo flutuar pelo nada, e na verdade apenas notava as mãos do homem para fora, e junto com elas o seu olhar, que ainda que eu não conseguisse encará-lo, eu entendia.
 O homem de cabelos bagunçados ergue sua mão para mim, e antes que eu tivesse me assustado aceitei, se ele era a morte era um de meus medos, mas um estranho pó sai de sua mão e quando o vento bate, ele some, como se nunca tivesse existido, a expressão dele continuava a mesma, mas agora eu sabia, era o Sandman. 
 Voltei para casa o mais rápido que eu pude, e então andei pelas ruas me sentindo menos observado, me sentindo mais normal, e então eu olhava ao meu redor e notava que as pessoas não haviam mudado e se adaptado a mim, e muito menos eu a elas, agora elas me entendiam. 
 Foi a primeira vez em que eu notei que havia parado em uma esquina, com a pé ainda em cima da calçada, apenas olhando um enorme prédio boquiaberto, vi os pássaros e vi também as nuvens no céu, e quando olhei para a frente, não via mais a próxima esquina, eu me via voando naquele céu, e me via trabalhando na construção daquele prédio. Logo eu, pensando em coisas assim. 
 Estranhei e abaixando a cabeça eu segui o caminho, sabia que eu não poderia parar para pensar. 
 Mas nada vinha a minha mente, não que as idéias tivessem ido embora, não que eu me tornasse alguém menos inteligente ou sábio em relação ao que era, o meu conhecimento estava no mesmo lugar. Mas eu parei de pensar nas coisas por alguns instantes.  
 Me veio a cabeça não a verdade dos meus amigos, não aquelas que eu já conhecia, naquele momento eu encarava as minhas verdades, e ainda que eu entendesse o quão maniaco eu parecia ser, eu me vi desejando conhecer a mim mesmo como amigo, de tão bom que eu era. 
 Sorri. 
 Dei meia volta ainda sorrindo e pela primeira vez não ironicamente, esqueci os estudos, esqueci o trabalho e por alguns momentos, existia alguém que eu precisava agradecer. 
 Voltei ao campo e voltei a pedra onde eu provavelmente passei a noite, a pedra onde eu provavelmente sonhei com ele. 
 E deitei esperando os medos virem. 
 E eles vinham todos, era surpreendente, não foi difícil, foi só imaginar os medos e eles apareceram, e alguns eu queria superar, ali eles não poderiam ficar. 
 E superei, porque eu aprendi a conviver com eles naquele dia, eu sabia o que o medo queria de mim, então eu me negava a entregar e ele se negava a ir embora. 
 Já na noite encostei a minha cabeça na pedra e com os olhos abertos eu podia ver os céus daquela noite! Era incrível, as estrelas estavam posicionadas de uma forma tão bela, eu via claramente as constelações e a lua quase que no centro de uma delas, incrível! 
 Então sorrindo eu adormeci. 
 E quando acordei, eu me via na minha cama, na minha velha casa, no meu quarto pequeno de sempre, olhei pela janela incrédulo, ainda era noite, mas eu havia dormido na pedra ainda a pouco, não poderia ser verdade, teria sido aquilo tudo apenas um sonho? 
 E então eu olhei para a minha cama, pensei em voltar a dormir, sendo um sonho ou não, eu havia aprendido com aquele sonho. 
 Mas tenho certeza, uma velha certeza, um velho calafrio, aquele arrepio na nuca que sentimos quando estamos sendo observados. Eu tinha a certeza de que quando eu virei as costas, notei algo um pouco branco, porém desleixado, sair das sombras da noite. 
 Voltei para a minha cama, e apenas sonhei, sonhei em uma dia encontrar o Sandman novamente, Sandman, o senhor dos sonhos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Entre Sandman - O Insano - Parte I



A noite lá fora nos assusta 
 É o nosso pequeno medo da ausência de luz
 Nosso medo de ficarmos sozinhos na escuridão, para algo nos levar embora
 São esses estranhos ruídos que nos dão calafrios 
 É o uivo do cão do vizinho, que nos faz sentir sozinhos.

 O vento sopra ao nosso ouvido, mas não tinha por onde ele passar 
 Os olhos já nos olham nas nossas costas, mas não tem ninguém ali para olhar 
 Ouvimos o "tic-tac" do relógio, mas ninguém está lá para ver a hora passar 
 E tudo isso piora, quando ouvimos o nosso nome chamar
 Mas não fiquemos com medo, é só a escuridão, o que existe lá para nos perturbar? 

 O medo da morte nos assombra, aquela que vem devagar e dolorosa 
 Tenho medo mesmo é de morrer enquanto corro, do perigo que não sei de onde vem  
 O desespero bate, quando eu grito, e não vem ninguém 
 A minha esperança se vai, quando faço força, e não consigo ouvir minha voz  
 É nessa hora, que a cabeça só pensa coisas ruins. 

 Sentimos medo de olhar para o espelho, e ver que o nosso reflexo não está mais lá 
 Mais medo ainda é de olhar e ver que existe o reflexo de outro no seu lugar 
 Por debaixo da porta, alguma coisa entrar 
 As nossas costas, alguma mão pairar 
 O nosso sono, alguém vir atrapalhar. 

 Então é a hora de dormir... 
 Que saia a luz, entre a escuridão, é a hora do Sandman nos visitar 
 O perigo da noite nos assombra, e com ela, o senhor dos sonhos 
 Aquele que tentaremos, mas jamais vamos conseguir sonhar 
 Aquele que nos olha dormir de perto, nos olha de trás das portas. 

 Deixe o Sandman entrar...  
 Ele só vai te fazer dormir e sonhar
 Você tem tido pesadelos? 
 Deixe o Sandman participar... 
 Você tem sonhos bons? 

 Na sua mente alguém já te olha, fazendo ou não parte da sua vontade
 Alguém cujo a vontade é complexa, e não dá para o seu próximo passo adivinhar 
 Você sabe que ele te observa, mas você nada a ele pode fazer 
 Ele é eterno, o Sandman, o senhor dos sonhos 
 Aquele que enquanto você dorme, e atinge os pontos do inconsciente, participa do seu pensar. 

 Não tenha medo, durma bem, 
 Não tenha medo, eu lhe observo do canto, 
 Não tenha medo, somente isso, apenas isso, esperando, 
 Não tenha medo, esperando que você caia no sono, 
 Agora tenha medo, e assim eu posso te observar um pouco mais de perto.