quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quem tem medo de mim?



 Quando o tempo não passava, passava a vontade de viver, vinha a angustia e o sofrer, vinham as dúvidas que traziam consigo a risada, mas acima disso tudo, a vontade de mandar tudo isso para o espaço. 
 No caminhar havia pressa, passos rápidos um após outro sem sequer olhar para trás, passeava dentro de si buscando desenferrujar o velho que lhe dava o motivo da vida, mas o velho não vinha. 
 Foi então que sonhou alto demais, foi então que pediu para todos que o podiam ajudar, ele só queria mesmo era saber que existia, saber que dali vinham as verdades mais temidas. 
 E na sua cabeça soava uma canção:
 " Venha meu irmão, vamos dançar....
 Venha conosco o sino da igreja tocar... 

 Saiba que aqui, não existe essa de dor... 
 Mas aqui também, esqueceras o seu amor..."
 Mas ele amava, e amava profundamente, era alguém racional que não podia ser enganado pelo coração. O coração que pulsa sangue estava intacto, mas o âmago estava derrotado, ele queria e encontrou a tristeza novamente, será que se perdeu mais uma vez? 
 Ele achava que Deus tinha era medo dele, ele achava que o Diabo tinha era medo dele... 
 Ergue-se do chão uma enorme cruz, ergue-se do chão a verdade e a mentira, a um lado a luz, do outro a escuridão, de um lado cabeças e de outro abraços, sente-se a indignação do momento, e a felicidade de estar lá. 
 Foi engando em suma nas primeiras palavras que lhe cavaram a cova abaixo dos pés, sorriu, engoliu a seco e deu um passo a frente, se era o seu destino iria ser enterrado vivo. 
 E salvo por palavras lindas, que lhe puxavam pelo braço a esperança acima, a lágrimas escorre os olhos, é a verdade que lhe busca, e o sorriso que lhe afaga. 
 Nos braços frios notou que não era aquilo que queria, e olhando para as pessoas que lhe cercavam sentiu o perigo, a monstruosidade se transformava na sua frente enganando até os seus sentidos. 
 E por fim, a redenção final da alma, a sensação de libertação pelo ciclo da arrebentação das mentiras, quando se desgruda do velho casulo, abre-se o tecido da pele, e de lá de dentro, a pureza sai, branca e maravilhosa voando pelos céus. 
 E o menino pergunta a Deus: 
 - De que lugar vens, que não existe alma humana para te olhar. Aonde nasceu, que a verdade nos trouxe? E a mim, o sofrimento e a solidão me chegam tanto que não mereço um olhar de cima? 
 E o menino ao Diabo pergunta: 
 - O que foi que fiz para que gostasse tanto dos meus caminhos? O que foi que fez para que chegasse até o ponto onde chegou, é derrubar-nos o seu prazer, vernos no chão a imagem e semelhança do que foi? 
 E sem respostas, acorda o garoto, e segue novamente o caminhar apressado. 
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 Isso é somente meu, e ninguém tem culpa. 
 Que queres de mim além das respostas? 
 Que queres de mim além das graças? 
 Se és tão completo eu que te completo a que lado? 
 Isso é somente meu, e ninguém tem culpa. 
 A culpa minha vem de mim, e eu já aguentei a minha dor. 
 A dor do mundo vai vir a ser culpa minha se eu me colocar sobre essa responsabilidade e ninguém irá dizer que não há. 
 Isso vai ser somente meu, e ninguém a não ser eu será culpado e condenado no tribunal. 
 É meu o pecado, é minha a apelação, vem da minha alma. 
 Isso tudo é somente meu, e ninguém tem culpa.
 Isso tudo é somente meu, e não deixarei ninguém ser culpado pelo meu egoismo inútil. 

Um comentário:

  1. Fantástico, fantástico!
    Egoísmo inútil...
    Que a sua alma descanse e lembre-se...
    Você vai ser absolvido no final!
    Se tem que alguém que irá... é você...!
    Parabéns...

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